Linhares, no Espírito Santo, tem se destacado como uma referência na produção de cacau de alta qualidade, sendo o sexto maior produtor do Brasil

 Linhares, no Espírito Santo, tem se destacado como uma referência na produção de cacau de alta qualidade, sendo o sexto maior produtor do Brasil e o líder no estado. Essa qualidade é personificada por Françoise Burnier, uma mineira que, por acaso, se tornou uma figura central na produção de cacau na região. Hoje, ela é proprietária de uma fazenda de alta produtividade que serve como um importante exemplo para o Nestlé Cocoa Plan, da multinacional suíça, contribuindo até mesmo para o marketing de seus produtos, como o relançamento do chocolate Surpresa. No Brasil, o Cocoa Plan envolve 6 mil famílias de produtores, enquanto globalmente abrange 189 mil, a maioria composta por pequenos agricultores.

“Eu não tinha experiência na agricultura e cheguei a ser administradora de uma escola de boliche. Mas herdei a fazenda”, conta Françoise, de 65 anos. Ela poderia ter vendido sua parte de uma propriedade original de 500 hectares, como fez um de seus irmãos – o outro se dedica à produção de café –, mas optou por manter suas terras. Atualmente, em sua área de 60 hectares, Françoise cultiva 23 hectares de cacau, sendo 15 hectares sob a sombra de seringueiras e oito hectares expostos ao sol, com as variedades PS1319, originária do Brasil, e CCN51, do Equador.

Em 2024, a colheita rendeu 400 sacas de 60 quilos, totalizando 24 mil toneladas de amêndoas. A expectativa inicial era de 500 sacas, mas a seca na região impactou a produção. Para este ano, ela espera um clima mais favorável. A safra anterior não atingiu as metas devido às altas temperaturas, que podem prejudicar a fisiologia das plantas, afetando a eficiência da fotossíntese e a fertilidade do pólen.